segunda-feira, 5 de maio de 2008

A loucura



Neste feriado tive uma experiência que me fez refletir sobre o privilegio que Deus nos deu de sermos saudáveis e que muitas vezes reclamamos da vida por muito pouco ou por nada.

No sábado fui visitar o Museu da Loucura que fica em Barbacena (MG). Um programa normal, até então, para quem gosta de conhecer cidades e suas histórias.

O museu fica num "torreão" instalado nas dependências do antigo Hospital Colônia (foto acima), hoje Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena e que abriga atualmente o Hospital Regional.

Lá estão expostos documentos, fotografias, objetos e equipamentos usados no tratamento dos mais de 4 mil pacientes com doenças mentais que estiveram internados no antigo Hospital Colônia.

Ao entrar no prédio uma música sombria "martela" o inconsciente do visitante bem no fundo. No primeiro andar estão utensílios, roupas, objetos e algumas fotos de internos. Nada de tão anormal assim.

Mas ao subir a escada de madeira que dá acesso ao segundo pavimento o visitante já sente um clima pesado pairando no ar. O "ranger" dos degraus e a música, que fica mais alta, dão o tom de dor e tristeza que cerca o local.

Nesta ala estão expostos documentos, equipamentos como um eletroconvulsor --usado para dar descargas elétricas de até 120 volts nas têmporas dos doentes mentais--, de raio-X e outros utilizados na prática da psicocirurgia --a lobotomia. A música que impregna todo o museu vem de uma salinha que reproduz um centro-cirúrgico.

Mas o que mais chama a atenção são os painéis com fotos de algumas das dezenas de internos. Alguns passariam despercebidos na rua e outros em completo estado de demência. Todos abandonados e largados por seus familiares. São homens, mulheres e crianças que a sociedade da época queria esconder. Eles eram chamados de “alienados”.

Relatos dizem que no seu "auge", o Hospital Colônia, modelo típico das instituições psiquiátricas do início do século 20, chegou a receber mais de 4 mil pacientes. Estima-se que 60 mil morreram em suas dependências em cerca de 50 anos de funcionamento e que alguns corpos eram vendidos às faculdades de medicina do Estado.

Um poema, que não me recordo a autoria, exposto em uma das salas diz que lá os internos viviam num mundo normal e que fora daquelas paredes estava o paraíso.

Sai de lá com os olhos cheios de lágrimas. Senti-me um idiota por reclamar tanto da vida em algumas ocasiões. Talvez eu não tenha e nunca terei tudo que sempre quis ou desejei, mas tenho o que muitos queriam ter e não podem --saúde, família, emprego e amigos.

Serviço: Museu da Loucura. Rodovia MG-265 Km 5. Barbacena. (0/xx/32)3332-1477. Horário: Segunda a sexta das 8h às 12h e das 13h às 18h.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como você sabe acredito muito em "energia", com certeza este lugar deve ter uma carga absurda
Abs
Ale